Durante a estação das chuvas (dezembro a abril), o
rio inunda grandes áreas da floresta formando pântanos ao longo de suas
margins. É quando pode-se encontrar o boto mais próximo das pessoas. Ao começar
a estação da seca, o boto se desloca para os rios principais ou lagos da
floresta.
Durante as festas juninas, quando é comemorado o
dia de São João, Santo Antonio e São Pedro, a população ribeirinha da
região amazónica celebra estas festas dançando, soltando fogo de artifício,
fazendo fogueiras e degustando alimentos típicos da região.
Diz a lenda, que nestas festas, em noites de
lua cheia, o boto transforma-se em um jovem elegante e
bonito, bom dançarino, bem vestido usando chapéu e
sapato branco e sai a procura de companhia.
O chapéu é uma forma de esconder um grande orifício
no topo da cabeça, feito para o boto respirar, já que a sua transformação
em homem não é completa.
Este desconhecido e atraente rapaz, arrasa e
conquista com facilidade, o coração da jovem mais bela e desacompanhada que
cruzar o seu caminho.
Ele a convida para dançar, seduzindo-a e
guiando-a até ao fundo do rio, onde, por vezes, a engravida.
Antes de amanhecer, como tem que voltar para o
rio, o rapaz a abandona para que ela não o veja na forma de
boto.
Conta-se também que o boto pode trazer uma espada
presa ao seu cinto, e que, no fim da madrugada, quando chega a hora de voltar
para o rio, todos os seus acessórios se transformam noutros habitantes do rio.
As mulheres mais velhas e com mais experiência
avisam as mais jovens para terem cuidado com os homens bonitos durante as
festas, para evitar que estas sejam seduzidas pelo boto.
Por isso, durante as festas, é preciso ter
cuidado ao ver um rapaz desconhecido de chapéu. Pede-se sempre
para ele retire o chapéu para que todos tenham a certeza de que não é
o boto que está ali.
Há quem diga que o boto também pode
ser uma espécie de protetor das mulheres, cujas embarcações naufragam.
Em tais situações, ele aparece para empurrar as
mulheres para as margens do rio, para evitar que elas se afoguem. Na
cultura popular do norte do Brasil, quando uma moça engravida fora do
casamento, diz-se que é o filho do boto.
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