Num rigoroso inverno, na época em que os bichos falavam, os poucos animais das campinas haviam desaparecido. O Graxaim, morrendo de fome, tentou assaltar um galinheiro, porém, os cachorros quase o agarraram. Logo, percebeu que sozinho nada conseguiria, e resolveu pedir ajuda ao Gambá, que tirou o corpo fora, pois era covarde.
No dia seguinte ele procurou o Compadre Lagarto, que aparentava não estar com muita fome. Realmente, ele esclareceu que sempre conseguia um pouco de mel e disse ao amigo que iria arranjar um pouco para ele também, pois não gostava de roubar galinhas. O Graxaim aceitou.
Saíram ambos à procura de uma colmeia e, assim que conseguiram livrar-se das abelhas, veio o Gambá e roubou todo o mel dos dois. O Graxaim ficou louco de raiva, e prometeu vingar-se no dia seguinte, quando o Gambá já tivesse esquecido o que fez.
No dia seguinte, o Graxaim e o Lagarto foram para perto da casa do Gambá. O Graxaim pediu para o Lagarto se esconder e começou a arrancar cipó, fazendo bastante barulho para chamar a atenção do Gambá. Este, assim que ouviu, aproximou-se e perguntou porque ele fazia aquilo. O Graxaim primeiro fez que não ouviu, depois, fazendo-se de espantado cumprimentou o Gambá e contou-lhe que todos os cipós serviriam para amarrar todos os seus parentes às àrvores, pois aproximava-se um forte vento que, próximo dali, já havia carregado muitos animais.
O Gambá, desesperado, implorou ao Graxaim que o amarrasse também. Este, primeiro recusou e, depois de um tempo, cedeu ao pedido. Quando o Gambá estava amarrado como um novelo, o Graxaim pegou um porrete e começou a bater nele. Às vezes o Lagarto ajudava, dando chicotadas com o rabo.
- Isto é para você aprender a não ser esperto com os amigos disse o Graxaim.
O Gambá foi solto e saiu gemendo.
- O mel estava doce, compadre? perguntou o Graxaim.
O Gambá respondeu:
- Doce? Foi o mel mais amargo que já provei!